
DESTAQUES DO ARTIGO
Na Amazônia, as consequências do
aquecimento global incluem secas, cheias e incêndios mais intensos. Também há
riscos cada vez maiores para a biodiversidade.
As emissões de gases causadores
de efeito estufa podem fazer com que o mundo fique até 4ºC mais quente neste
século, segundo um estudo do Banco Mundial.
O Brasil já começou a agir e
planeja reduzir as emissões desses gases entre 36% e 39% até 2020.Em 2005,
quando uma seca afetou a Amazônia, diversos rios secaram e pelo menos 20
municípios declararam estado de emergência. À época, 70 milhões de hectares de árvores
(i) foram afetados.
O pior: as árvores não haviam se
recuperado ainda quando uma segunda seca – mais grave do que a primeira –
atingiu a floresta em 2010.
A intensidade e a frequência de
secas como essas (e de tempestades na Amazônia também) podem aumentar ainda
neste século, segundo o estudo Turn Down the Heat – Why a 4ºC Warmer World Must
be Avoided, do Banco Mundial.
O relatório (Diminuindo o Calor –
Por que um Mundo 4º mais Quente Precisa ser Evitado, numa tradução livre)
mostra que o planeta já está 0,8ºC mais quente do que nos tempos
pré-industriais. O estudo ainda alerta que, com as atuais emissões de gases
causadores de efeito estufa, o aquecimento global pode chegar a 4ºC antes de
2100.
Grande impacto
Entre as consequências, estão o aumento
do nível dos oceanos e a ocorrência de temperaturas extremas em todo o mundo.
“O impacto na Amazônia seria
enorme,” diz Erick Fernandes, consultor do Banco Mundial nas áreas de mudanças
climáticas e gerenciamento de recursos naturais. “As secas de 2005 e 2010
provam que a floresta não se recupera facilmente desse tipo de evento”,
acrescenta ele, que é um dos autores do relatório.
Apenas com um aquecimento global
de 1,5ºC ou 2ºC (acima dos níveis pré-industriais), os incêndios florestais já
poderiam dobrar até 2050. Em um mundo 4ºC mais quente, os danos seriam ainda
maiores – principalmente no Pará, em Rondônia e em Mato Grosso, os estados mais
afetados pelo desmatamento.
“Se os incêndios se tornarem mais
frequentes devido às mudanças climáticas, abiodiversidade (e) da Amazônia
também correrá perigo”, diz Fernandes.
Calcula-se que, em todo o mundo,
entre 20% e 30% das espécies conhecidas entrarão em risco de extinção caso a
temperatura do planeta aumente de 2ºC a 3ºC.
A floresta, quando intacta, resiste
melhor às mudanças climáticas e se recupera mais facilmente de pragas e
incêndios
Erick Fernandes
Consultor do Banco Mundial nas
áreas de mudanças climáticas e gerenciamento de recursos naturais
Objetivos brasileiros
O aquecimento global, no entanto,
pode ficar abaixo dos 2ºC se as emissões de gases causadores de efeito estufa
forem reduzidas – e se mais providências forem tomadas para preservar
ecossistemas como os da Amazônia.
Com um aquecimento de 4ºC, a área
das florestas tropicais do mundo deve diminuir e chegar a apenas 25% do tamanho
original. Em compensação, se o aumento for de 2ºC, ainda será possível
preservar mais de 75% dessas terras, segundo o estudo.
No Brasil, iniciativas como o
Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7) e o
Programa de Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA) têm um papel importante na
manutenção dos ecossistemas locais.
“A floresta, quando intacta,
resiste melhor às mudanças climáticas e se recupera mais facilmente de pragas e
incêndios”, explica o consultor do Banco Mundial.
O governo brasileiro tem a meta
de reduzir o desmatamento em 70% até 2017. Além disso, o país se comprometeu a
diminuir as emissões de gases causadores de efeito estufa em36% a 39% até 2020
(i) – e o Rio de Janeiro se destaca nesse trabalho.
Objetivos como esses são
essenciais neste momento, segundo Fernandes: “Quanto mais puder ser feito para
diminuir o efeito estufa, melhor”. Ele completa: “As consequências de um
planeta 2ºC mais quente já são suficientemente dramáticas; precisamos agir
agora”.
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